O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que afeta a comunicação, comportamento e interação social de maneiras diversas. Em um mundo que valoriza conexões, compreender os sinais e diagnóstico do TEA promove conscientização, inclusão e apoio essenciais para aqueles nesta jornada. Além disso, a identificação precoce desses sinais é primordial, permitindo intervenções que melhoram significativamente a qualidade de vida dos indivíduos com autismo e suas famílias.
Por outro lado, o espectro autista abrange uma ampla variedade de habilidades e desafios, tornando cada experiência única. Este artigo visa destacar os sinais, diagnóstico e importância da compreensão e aceitação do TEA. Com conhecimento e empatia, podemos construir uma sociedade mais acolhedora para todos, independentemente de onde se encontram no espectro autista. Continue a leitura!
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Antes de mais nada, segundo a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), o TEA, caracterizado por comprometimento no comportamento social, comunicação e linguagem, além de interesses e atividades repetitivas, é uma condição que se inicia na infância e geralmente persiste até a adolescência e a idade adulta. Em muitos casos, os sinais tornam-se evidentes nos primeiros cinco anos de vida. Além disso, os indivíduos com TEA frequentemente apresentam outras condições como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O nível de funcionamento intelectual varia consideravelmente, desde comprometimento profundo até níveis mais elevados.
O Transtorno do Espectro Autista afeta cerca de 1% a 2% da população mundial. Segundo dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, estima-se que 1 em cada 36 crianças de 8 anos possuem TEA nos EUA em 2020. Essa prevalência tem aumentado ao longo dos anos. Em 2004, o número era de 1 em cada 166, subindo para 1 em 88 em 2012, 1 em 59 em 2018 e 2020, a prevalência divulgada era de 1 em 54. Já em 2021, o estudo mostrava 1 em 44 crianças diagnosticadas. Com base nessa estimativa, é compreendido que, no Brasil, quase 6 milhões de pessoas podem ser diagnosticadas com o espectro.
Histórico e evolução do entendimento do transtorno
O entendimento do TEA na história da psiquiatria infantil passou por diversas fases. Inicialmente, o autismo era considerado apenas um sintoma de condições mais amplas, como a esquizofrenia. No entanto, com o avanço da psiquiatria e a compreensão do desenvolvimento infantil, o autismo se destacou como um diagnóstico independente.
No período que vai de 1880 até meados do século XX, a clínica psiquiátrica infantil aplicava os mesmos critérios de diagnóstico usados para adultos, ignorando as diferenças no desenvolvimento infantil e tratando as crianças como miniaturas de adultos. Essa abordagem afetava diretamente o diagnóstico e prognóstico das condições psiquiátricas infantis. Com o desvinculamento gradual do autismo da esquizofrenia e a consolidação do conceito de transtorno do espectro autista, pesquisadores como Arnold Gesell contribuíram significativamente, fornecendo parâmetros de comparação no exame de crianças.
Ademais, o fortalecimento da psiquiatria como campo detentor do diagnóstico e tratamento da loucura infantil, juntamente com o impacto crescente da farmacologia e das neurociências, influenciou a evolução do entendimento do TEA. Esses avanços resultaram no desenvolvimento de procedimentos classificatórios baseados na descrição do comportamento, facilitando a identificação e o tratamento do TEA.
Por que “espectro”?
Em 2013, o termo “espectro” foi adicionado ao nome do transtorno autista para refletir a ampla gama de sintomas e níveis de funcionamento que as pessoas apresentam. Essa inclusão ocorreu devido à diversidade observada nas manifestações do autismo. Afinal, cada indivíduo dentro desse espectro possui seu próprio conjunto único de características e manifestações, o que contribui para a singularidade de cada caso.
Essa individualidade é uma característica fundamental do TEA, evidenciando a complexidade e a heterogeneidade dessa condição. Além disso, a inclusão do termo reconhece a variação significativa na intensidade e na natureza dos sintomas, desde os casos mais leves até os mais graves. Enfim, essa compreensão mais abrangente permite uma abordagem mais personalizada no diagnóstico, tratamento e apoio às pessoas com TEA, levando em consideração suas necessidades específicas e garantindo uma intervenção mais eficaz e inclusiva.
Sinais e sintomas do TEA
O Dr. Gustavo G. da Fonseca, médico geneticista da Delboni – Medicina Diagnóstica, afirma que identificar sinais de autismo em bebês é desafiador devido à restrição da linguagem e socialização nos primeiros meses de vida. É mais fácil notar sinais de comorbidades, como hipotonia, atraso motor ou convulsões. Alguns indícios precoces de comunicação incluem, por exemplo:
- Não responder ao nome;
- Não expressar emoções;
- Evitar contato visual;
- Falta de interesse em compartilhar ou comunicar-se com os pais;
- Incapacidade de acenar.
Entretanto, a partir do segundo ano de vida, torna-se mais evidente que a evolução social da criança não está adequada. O diagnóstico geralmente ocorre entre 18 e 24 meses e pode apresentar:
- Movimentos repetitivos;
- Repetição de palavras;
- Uso repetitivo e inadequado de brinquedos;
- Reações inapropriadas a estímulos sensoriais.
É importante ressaltar que esses sinais podem variar de uma criança para outra, e nem todas apresentarão todos os sinais mencionados.
Diagnóstico do TEA
Qual a importância do diagnóstico precoce?
O diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista é fundamental por várias razões:
- Melhoria das habilidades sociais e de comunicação: acima de tudo, ao diagnosticar o TEA precocemente, a criança pode iniciar intervenções que visam melhorar suas habilidades sociais e de comunicação desde cedo. Isso permite, então, que ela seja estimulada a se desenvolver e a adquirir essas habilidades de forma mais eficaz.
- Desenvolvimento geral da criança: do mesmo modo, a intervenção precoce em crianças autistas contribui significativamente para o seu desenvolvimento geral. Portanto, aprender novas habilidades, tornando-as mais independentes ao longo da vida, é uma realidade.
- Aquisição de habilidades sociais essenciais: com diagnósticos precoces, as crianças autistas têm a oportunidade de adquirir habilidades sociais essenciais, o que facilita uma melhor interação em situações sociais.
- Benefícios para os pais: por último, o diagnóstico precoce não só beneficia a criança, mas também os pais. Sobretudo porque permite-lhes reconhecer os sintomas precocemente e tomar medidas para ajudar no desenvolvimento da criança. Isso não só reduz a ansiedade e a preocupação dos pais, mas também fornece orientações e apoio adequados para lidar com as necessidades específicas de seus filhos.
Como funciona o processo de diagnóstico?
De acordo com a Secretaria da Saúde do Paraná, o diagnóstico do TEA é predominantemente clínico, baseado em observações da criança, entrevistas com os pais e utilização de instrumentos específicos. Durante consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde, são aplicados instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil, os quais são sensíveis para identificar alterações sugestivas de TEA. O relato ou queixa da família sobre possíveis alterações no desenvolvimento ou comportamento da criança geralmente está correlacionado com uma confirmação diagnóstica posterior.
Aliás, o diagnóstico deve ser realizado por profissionais de saúde especializados, como psiquiatras, psicólogos, neuropediatras e outros médicos capacitados em saúde mental infantil. Esses especialistas são treinados para realizar avaliações clínicas detalhadas.
Diagnóstico do TEA em adultos: é possível?
Sim! Apesar de ser desafiador devido a diversos fatores, bem como limitações no acesso à informação, obstáculos no sistema de saúde, questões emocionais e financeiras, além do estigma e preconceito frequentemente ligados ao diagnóstico, ele é possível. Assista ao vídeo da especialista em autismo, Mayra Gaiato, e saiba como funciona todo o trâmite.
Meu filho foi diagnosticado com TEA. E agora?
Após o diagnóstico de autismo em uma criança, é fundamental seguir uma série de passos muito importantes para garantir um tratamento e o suporte adequado. Aqui estão algumas destas recomendações:
- Iniciar o acompanhamento terapêutico com uma equipe multidisciplinar: antes de tudo, comece o tratamento terapêutico o mais rápido possível, envolvendo profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, educadores e neuropediatras. Essa abordagem multidisciplinar é indispensável para proporcionar uma intervenção abrangente e adaptada às necessidades específicas da criança.
- Conhecer e estabelecer vínculo com os profissionais: escolha cuidadosamente os profissionais que farão parte do tratamento do seu filho. Tire todas as dúvidas, conheça suas abordagens e garanta conforto com a equipe para garantir um ambiente de confiança e colaboração.
- Considerar a obtenção da CipTEA: a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CipTEA) é um documento criado pela Lei Romeo Mion que fornece informações sobre o estado da pessoa com TEA. Assim sendo, considerar a obtenção deste documento pode ser útil para garantir acesso a direitos e serviços adequados.
- Buscar apoio em grupos de pais: participe de grupos de apoio para pais de crianças com TEA. Isso pode ser extremamente benéfico, já que esses grupos oferecem a oportunidade de trocar experiências, compartilhar informações e encontrar apoio emocional entre pessoas que entendem as dificuldades e desafios enfrentados.
- Cuidar da saúde mental de todos os envolvidos: por fim, lembre-se de cuidar da saúde mental de todos os indivíduos ao redor da criança com autismo. Isso inclui ressaltar a importância do bem-estar dos pais e cuidadores, oferecendo suporte e recursos para lidar com o estresse e as demandas emocionais associadas ao diagnóstico.
Mitos e fatos sobre o autismo
Os sinais do autismo podem variar de pessoa para pessoa, o que pode resultar em dúvidas e incertezas quanto a possíveis equívocos ligados ao autismo. Por isso, é imprescindível desmistificar essas informações falsas e elucidar quaisquer questionamentos para garantir uma compreensão precisa do TEA. Separamos algumas das inverdades mais comuns, para acabar de vez com esses mitos, vejam:
Vacinas são responsáveis pelo autismo
Este é um dos mitos mais persistentes e perigosos sobre o autismo. Estudos científicos extensos e revisões sistemáticas confirmam que não há relação entre vacinas e autismo. Essa ideia surgiu de um estudo fraudulento que foi amplamente desacreditado pela comunidade científica.
Aproveitamos para destacar a importância da vacinação: Imunização: por que adultos e crianças precisam se vacinar?
Pessoas autistas são sempre superdotadas
Embora algumas pessoas com autismo possam ter habilidades excepcionais em áreas específicas, como matemática ou música, nem todos os autistas são superdotados. O autismo é um espectro, e as habilidades e desafios de cada indivíduo são únicos.
Pessoas com autismo não têm capacidade de aprendizado
Isso é um equívoco. Pessoas com autismo têm potencial de aprendizado, assim como qualquer outra pessoa. No entanto, elas podem precisar de abordagens de ensino e suporte adaptados às suas necessidades individuais.
Indivíduos autistas são emocionalmente distantes
Embora algumas pessoas com TEA possam ter dificuldades em expressar emoções de maneira convencional, isso não significa que sejam emocionalmente distantes. Muitas pessoas autistas experimentam emoções profundas e têm relacionamentos afetuosos com seus entes queridos.
Associar o autismo à agressividade
Apesar de algumas pessoas com autismo exibirem comportamentos desafiadores, como resultado de dificuldades de comunicação ou sensibilidades sensoriais, isso não significa que sejam naturalmente agressivas. Compreender e abordar essas dificuldades de maneira apropriada pode reduzir significativamente a ocorrência desses comportamentos.
Autistas são incapazes de sentir empatia
Na verdade, muitas pessoas autistas são altamente empáticas e sensíveis aos sentimentos dos outros. No entanto, podem ter dificuldades em expressar essa empatia de maneiras convencionais.
É importante ressaltar que os mitos associados ao autismo têm o potencial de distorcer a disseminação de informações verdadeiras e influenciar negativamente a percepção das pessoas dentro do espectro. Portanto, é fundamental disponibilizar recursos que ofereçam dados precisos e conteúdo embasado cientificamente ou fornecido por profissionais especializados na área. Compartilhem nosso artigo com mais pessoas e nos ajude a combater a desinformação!
Ricardo e Dalva: história de superação que nos inspiram
Você já deve ter visto em pelo menos uma de suas mídas sociais, algum dos vídeos deste carismático personagem, que transborda sinceridade e carisma. Por meio de seus vídeos compartilhados, que destacam a espontaneidade de Ricardo, Dalva e seu filho conquistaram o coração de muitos na internet, especialmente no TikTok. Esses vídeos não só proporcionam uma visão genuína do dia a dia de uma pessoa com TEA, como também desmistificam o autismo e ressaltam a importância da inclusão e respeito às diferenças.
@terra_nos Dalva Tabachi (@dalvatabachi) e seu filho Ricardo, que é uma pessoa com transtorno do espectro autista (TEA), fazem sucesso com vídeos com a espontaneidade de Ricardo. Dalva é autora dos livros “Mãe, eu tenho direito!” e “Mãe, me ensina a conversar” sobre inclusão com base nos aprendizados de ter um filho com autismo. #TerraNós #TEA #Autismo #Inclusão #Diversidade #Livros #Autora #PCD
A história de Dalva Tabachi e seu filho Ricardo é um exemplo inspirador de como as experiências pessoais podem promover a conscientização e inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dalva, ao compartilhar sua jornada como mãe de um filho com autismo, transformou desafios em oportunidades para educar e sensibilizar o público, principalmente por meio de seus livros “Mãe, eu tenho direito!” e “Mãe, me ensina a conversar”.
Os livros de Dalva Tabachi, baseados em suas experiências como mãe de um filho com autismo, oferecem conselhos práticos e suporte emocional para outras famílias em situações semelhantes. Além disso, contribuem para uma compreensão mais ampla do TEA entre profissionais da saúde, educadores e o público em geral. Suas obras ressaltam a importância dos direitos das pessoas com autismo e a necessidade de uma verdadeira inclusão.
Conclusão
Como vimos, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social de maneiras diversas. Sendo assim, é preciso compreender os sinais e o diagnóstico do TEA para promover a conscientização, a inclusão e fornecer suporte às pessoas afetadas e suas famílias. A detecção precoce é essencial para intervenções que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos autistas.
Dessa forma, a Nova Medicamentos reitera seu compromisso em fornecer informações confiáveis e baseadas em evidências científicas para desmistificar os mitos associados ao TEA e promover um conhecimento acessível a todos. Reconhecemos a importância de disponibilizar recursos de informação precisos e transparentes, capacitando pacientes e familiares, fomentando uma sociedade mais informada, empática e inclusiva.
Finalmente, por meio de nosso compromisso com a educação e o suporte contínuo, buscamos ser uma referência confiável e uma fonte de conhecimento atualizado, contribuindo assim para o bem-estar da comunidade do espectro autista e da sociedade como um todo.
Leia também: Dia de Conscientização do Autismo
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