No coração do Brasil, há pessoas cujo trabalho muitas vezes passa despercebido, mas sua importância é inegável, são elas: mulheres que cuidam. Num contexto em que a igualdade de gênero permanece distante e o sexismo prevalece, as mulheres frequentemente se tornam as cuidadoras invisíveis, especialmente para os idosos.
Portanto, nosso propósito é ressaltar a importância vital dessas heroínas e a complexidade de seus desafios. Ao explorarmos suas histórias, revelaremos não apenas as dificuldades enfrentadas, mas também a resiliência notável que as torna pilares essenciais no cuidado com a saúde.
O papel fundamental das mulheres cuidadoras
O termo “cuidador” refere-se à pessoa que provê assistência a uma ou mais pessoas de maneira consistente e/ou regular, sendo as mulheres frequentemente as encarregadas desse papel. Assim sendo, as mulheres cuidadoras exercem um papel crucial no zelo por familiares, notoriamente idosos e crianças. A responsabilidade do ato de cuidar atribuída às mulheres é frequentemente percebida na estrutura social, onde são vinculadas a diversos papéis de cuidado, como esposa, mãe, filha, entre outros.
Segundo a pesquisa “Cuidados no domicílio” realizada pela Fundação Seade, cerca de 90% dos cuidadores são mulheres, e a maior parte das responsabilidades do cuidado familiar recai sobre elas. Adicionalmente, constata-se que 90% das mulheres cuidadoras são parentes que residem no mesmo domicílio. Esse padrão persiste em diversos grupos de cuidados, abrangendo desde crianças até cinco anos, pessoas com deficiência, idosos até enfermos.
A geriatra Celene de Oliveira, diz, em artigo disponibilizado pela Veja Saúde, que se calcula que mais de 6 milhões de mulheres no Brasil desempenham o papel de cuidadoras de pessoas com demência, uma vez que, em média, cada indivíduo com demência requer a assistência de pelo menos três cuidadores. Afinal, o país registra 1,7 milhão de indivíduos vivendo com demência, sendo que 2,2 milhões já receberam diagnóstico de algum comprometimento cognitivo, de acordo com informações do Ministério da Saúde.
Infelizmente, a ausência de reconhecimento e valorização do trabalho desempenhado pelas cuidadoras é uma realidade em nossa sociedade. O trabalho dedicado muitas vezes é invisibilizado e subestimado. Essas mulheres que cuidam, em especial, confrontam desafios expressivos, que englobam sobrecarga de trabalho, escassez de apoio e recursos, além de discriminação de gênero.
Desafios enfrentados pelas Mulheres Cuidadoras
A falta de uma legislação ampla e de políticas públicas que formalizam o trabalho das cuidadoras, assegurando direitos e benefícios sociais, coloca muitas dessas mulheres em uma situação precária, especialmente após o falecimento da pessoa que estavam cuidando. Sem emprego, profissão definida ou uma fonte de renda para garantir a sobrevivência, essas pessoas acabam à margem da sociedade brasileira, economicamente falando.
Além disso, muitas dessas mulheres enfrentam o desafio de conciliar suas responsabilidades de cuidado com obrigações adicionais, incluindo trabalho remunerado e tarefas domésticas. Essa circunstância, comumente denominada “dupla jornada”, pode exercer um impacto substancial na saúde física e mental delas.
De acordo com o artigo “Sobrecarga no cuidado, estresse e impacto na qualidade de vida de cuidadores domiciliares assistidos na atenção básica”, o estresse e a sobrecarga de cuidados impactam negativamente a saúde mental das mulheres cuidadoras. Esses fatores estão associados ao aumento do risco de desenvolver depressão e ansiedade, provocam o isolamento social, geram desgaste físico e psicológico, influenciam negativamente na qualidade de vida ao negligenciar a própria saúde, e elevam a probabilidade de Burnout, resultando em cansaço emocional, físico e mental.
Resiliência e empoderamento
As mulheres que desempenham o papel de cuidadoras destacam-se por sua maestria em unir força e sensibilidade, contribuindo significativamente com a base da saúde brasileira. Essas características distintas manifestam-se de maneiras diversas:
Empatia e conexão
Uma característica marcante das mulheres que cuidam é sua habilidade de estabelecer conexões emocionais profundas com aqueles sob seus cuidados. Vão além do fornecimento de tratamento médico, oferecendo suporte emocional e conforto, reconhecendo a importância da empatia no processo de cura.
Resolução de problemas e adaptabilidade
Enfrentando desafios frequentes no sistema de saúde, essas mulheres demonstram notável habilidade para solucionar problemas e se adaptar a diferentes cenários. Ainda assim, encontram soluções criativas para superar limitações de recursos e infraestrutura, assegurando o melhor cuidado possível para seus pacientes ou familiares.
Força e resistência
O trabalho das mulheres cuidadoras envolve frequentemente longas jornadas, ambientes estressantes e demandas físicas e emocionais intensas. Contudo, elas exibem uma notável resiliência e determinação, enfrentando tais desafios com coragem e perseverança. Sua força não apenas inspira aqueles que estão sob seus cuidados, mas também impacta positivamente colegas e comunidades.
Defesa
Além de oferecer cuidados diretos, as mulheres cuidadoras comumente assumem o papel de defensoras e advogadas de seus pacientes. Lutam pelos direitos e necessidades daqueles sob seus cuidados, garantindo tratamento justo e adequado em um sistema de saúde frequentemente complexo e desafiador.
Profissionalismo e compromisso pessoal
Como profissionais de saúde, mantêm elevados padrões de profissionalismo e competência. Contudo, incorporam uma dimensão pessoal e compassiva ao trabalho, reconhecendo a importância de cuidar não apenas do corpo, mas também do emocional de seus pacientes.
Reconhecimento e valorização
Por fim, o reconhecimento oficial desse tipo de trabalho é essencial, dado seu papel significativo no bem-estar da sociedade e na economia. Oferecer o suporte e os recursos necessários não apenas atribui valor ao seu trabalho, mas é crucial para assegurar que possam desempenhar suas funções de maneira sustentável e gratificante. A Dra. Ana Beatriz, fala, ainda, da rede de apoio que essas mulheres precisam. Confira:
Ademais, fornecer apoio e recursos adequados a essas mulheres é uma questão de justiça social e de direitos humanos. Isso inclui acesso a serviços de saúde mental, programas de capacitação, licenças remuneradas para cuidados familiares, suporte financeiro e políticas que promovam a igualdade de gênero no local de trabalho.
Segundo, ainda, a Dra. Celene de Oliveira, as trabalhadoras informais permanecem desprovidas de qualquer forma de reconhecimento ou suporte por parte do poder público. Elas não têm acesso a direitos trabalhistas fundamentais, como registro em carteira, piso salarial, férias e décimo terceiro. A Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) concentra seus esforços no apoio, capacitação e empoderamento dessas mulheres que cuidam de idosos com demência. Isso ressalta a urgência de políticas e discussões que reconheçam e respaldem adequadamente o papel desempenhado por essas cuidadoras.
Conclusão
Neste Dia Internacional da Mulher, nós da Nova Medicamentos prestamos nossa homenagem às mulheres que cuidam, verdadeiras heroínas que desempenham um papel inestimável na preservação da saúde e do bem-estar da população brasileira.
Reconhecemos a magnitude de seus esforços diários e a importância vital de seu trabalho. Sabemos que essa jornada é desafiadora, e é por isso que a Nova Medicamentos está comprometida em fornecer o suporte necessário para essas mulheres corajosas.
Desejamos a todas as mulheres um Feliz Dia da Mulher, repleto de reconhecimento, apoio e celebração merecidos!
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