Você sabia que a Agorafobia é um dos transtornos psiquiátricos que mais acometem mulheres ao redor de todo o mundo? Assim como as crises de ansiedade generalizada e Síndrome do Pânico, a Agorafobia é um distúrbio psicológico que apresenta sintomas físicos, como dificuldade para respirar e tremedeira.
Esse transtorno consiste na sensação constante de medo, constrangimento, sensação de perigo e ameaça, além da impotência e inquietação. O distúrbio também pode ser desencadeado por algum trauma ou violência vivida, ou mesmo a sensação de insegurança diante dos índices de criminalidade.
A questão é que apesar da luta pela igualdade de direitos e combate à violência contra a mulher, dados levantados pelo Datafolha, encomendados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicam que uma a cada quatro mulheres já sofreram algum tipo de violência nos últimos meses.
Esse número foi ainda maior durante a pandemia, se comparado aos demais períodos. Isso porque muitas mulheres se viram obrigadas a permanecer isoladas dentro de casa com seus habituais agressores. O distanciamento social também dificultou que pessoas próximas pudessem notar sinais da violência ou que as mulheres pudessem pedir ajuda.
A carga de trabalho e jornada dupla, habituais às mulheres brasileiras, também contribuem para o desenvolvimento de quadros de ansiedade severa, Síndrome do Pânico e depressão. Da mesma forma, fatores culturais e biológicos, como pressão psicológica dentro de uma comunidade ou depressão pós-parto, devem ser discutidos com cuidado e atenção.
Por que falar sobre a importância do cuidado com a saúde mental da mulher?
Por muitos séculos os transtornos mentais foram retratados como “loucura” e, em alguns casos, pacientes eram frequentemente submetidos a tratamentos de choque e extremamente invasivos. Era muito comum observar centros de tratamento psiquiátrico muito semelhantes aos que hoje vemos em filmes de horror.
Mas o problema estava mais no entendimento por parte da comunidade médica, do que nos sintomas apresentados pelos distúrbios em si. E quando os quadros de ansiedade e depressão atingiam mulheres, as respostas mais comuns estavam sempre atreladas a casos de histeria e fatores biológicos.
Hoje em dia, com o avanço das pesquisas científicas e a facilidade no acesso à informação, tais assuntos são discutidos mais abertamente e há um entendimento mais humano das causas e efeitos dos distúrbios psicológicos. Porém, ainda há o pré-conceito quando o assunto é ansiedade ou depressão, quando as vítimas são mulheres.
Com o avanço da pandemia, houve aumento exponencial na busca por profissionais da saúde especializados no acompanhamento psicológico. Mas ainda é possível observar que essa procura é mais comum entre pessoas da classe alta brasileira ou com níveis de escolaridade mais avançados.
Isso demonstra que os cuidados com a saúde mental ficam em segundo plano para as classes mais baixas, ou até mesmo banalizados por falta de informação.
Apoio psicológico para a mulher
A depressão, doença psicológica que atinge cerca de 6% dos brasileiros, ocorre duas vezes mais em mulheres. Se levarmos em consideração o fator biológico, as mulheres apresentam oscilação de humor com mais frequência, devido ao desequilíbrio dos níveis de hormônios que acontecem em diversas fases da vida.
Mas é preciso ressaltar também que a classe social e o nível de escolaridade estão diretamente ligados aos casos de distúrbios mentais entre mulheres.
Isso porque grande parte das mulheres de classes sociais inferiores, e baixos níveis de escolaridade, desempenham atividades insalubres e não têm condições financeiras para arcar com os custos do acompanhamento psicológico. Essas mulheres também estão comumente inseridas em comunidades onde a saúde mental não é prioridade.
As mulheres também tendem a expressar seus sentimentos com mais facilidade do que os homens, o que até certo ponto ajuda no diagnóstico do distúrbio psicológico. Por outro lado, exatamente pelo mesmo motivo, as mulheres são frequentemente reconhecidas como “vulneráveis” e “emotivas” e, por isso, nem sempre são ouvidas.
Todas essas condições fazem com que as mulheres tenham um risco cerca de 40% maior de desenvolver distúrbios mentais.
Quais são os principais sinais de distúrbios psicológicos em mulheres?
Os sintomas podem variar de acordo com a doença ou distúrbio. Os mais comuns, entre eles ansiedade e depressão, apresentam reações físicas, como dificuldade para respirar, falta de apetite ou apetite em excesso, insônia ou muito sono, cansaço, dores nas articulações, diarreia, dores de cabeça, taquicardia, tremedeira, sudorese e, em casos mais graves, alergias e até desmaios.
Já os sintomas psicológicos podem apresentar oscilações de humor, tristeza profunda sem motivo aparente, agressividade, angústia, dificuldade para se concentrar em tarefas simples e medo irracional.
Como podemos ajudar no cuidado com a saúde mental da mulher?
Os distúrbios psicológicos que acometem as mulheres podem ter diversas causas, por isso nem sempre seremos capazes de entender o nível de angústia, ou mesmo os motivos. Nem sempre estamos preparados para lidar com a carga emocional de outra pessoa e, mesmo tentando ajudar, podemos causar mais prejuízos.
O mais importante, neste momento, é se colocar disponível para ouvir e, assim que possível, recomendar a busca por ajuda profissional.
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